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sábado, 1 de dezembro de 2007

Não se tome a parte pelo todo

Costuma-se tomar a parte pelo todo.

Como se o veiculado no noticiário pudesse representar a unanimidade. Mas não é assim.

Notícia boa não vende jornal.

Há atos recrimináveis praticados em todos os setores da sociedade.

Os policiais pertencem a uma organização, submetida à rígida disciplina.

Ganham pouco, o que os coloca entre a classe dominada.

Moram lado a lado.

É raríssimo filha de classe média matar seus pais, pela herança.

Quando acontece, o caso repercute na memória das pessoas, por anos a fio.

Pagará ela além do que o que cometeu o mesmo crime, na favela: com a sua imagem.

A polícia paga, com a sua imagem, pelos atos divulgados na mídia, praticados por alguns de seus elementos.

O fato de um caso ser divulgado na imprensa não tem o sentido de regra, mas de exceção, caso contrário, não teria notoriedade.

Não vai a público o regular, o normal, mas aquilo que foge ao padrão aceitável.

Não vai a público a briga de comadre.

Não vai a público o sujeito pobre que baleou o colega de bar.

Não vão a público as misérias da vida cotidiana.

Se os parlamentares do Japão se pegarem de tapa, será notícia no mundo inteiro.

Se um chefe de Estado cometer uma gafe, no dia seguinte, estará estampada em todos os jornais.

Porque o que é interessante veicular são as exceções de quem está em evidência.

Se o sujeito é pobre, não interessa o que lhe passa, a não ser que ele represente a força, o poder.

Ainda que seja ele apenas uma peça.

Peça defeituosa.

Da vírgula - NO FÓRUM

Ontem, precisei intimar as partes de um processo sobre despacho de nosso juiz. Todavia, a decisão era manuscrita, e a incompreensão de duas palavras comprometiam o significado do texto.

Após várias leituras, sem êxito, submeti o texto à Rose, colega de cartório, com vinte anos de exercício.

Não soube dizer ela do teor do despacho.

Em nova tentativa, exibi a decisão à escrevente de sala, nossa colega Miriam. Ela conhece melhor o juiz, a letra do juiz. Com certeza saberia.

Mas também não soube dizer.

Finalmente, mostrei a folha ao nosso diretor, Varella. Ele a leu, não entendeu. Leu novamente.

Virou a folha, e tinha algumas outras palavras rabiscadas no verso. Pronto, o contexto trouxe as palavras que faltavam.

Uma vírgula, longa vírgula, caída da linha superior, transformara-se em um C, ensombrecendo o significado das palavras que não conseguíamos traduzir. Apenas uma vírgula.

Meu hummm espontâneo, de compreensão, trouxe a atenção dos colegas que nos observavam.

- Foi só a vírgula que caiu!

De carros e seguros

A Joice tinha acabado de estacionar o carro, em frente à faculdade.
Chamaram-na: bateram em seu carro.
A motorista tinha seguro, foi educadíssima.
Previsão: quinze dias sem o veículo.
Resultado: quarenta e cinco dias na oficina.
Ela tem necessidade do carro: mora em Moema e atravessa São Paulo para estudar e trabalhar em São Bernardo.
Até hoje a janela precisa de uma mãozinha, para fechar.

Sábado à tarde, o William dirigia-se ao curso ministrado aos escreventes.
Bateram em seu carro.
O motorista tinha seguro, foi educadíssimo.
Previsão: vinte e quatro horas sem o carro.
Chegou a pensar que era piada.
Resultado: no dia seguinte lá estava o seu carro.
Novo.
Na segunda-feira, foi trabalhar de carro.

Qual a diferença?
A seguradora, talvez.
Pode ter sido, também, o plano.
Mas penso que o motivo fundamental seja porque quem bateu no carro dele dirigia uma BMW.

Pequena diferença, que alcança grandes resultados.

E se quem avariar o seu carro for um calhambeque velho, caindo aos pedaços, sem seguro?

Aí, você estará com problemas, se o SEU carro não estiver segurado.

Prova com a Leonor

Ontem tivemos a última prova de Processo Penal deste ano. A professora que nos acompanhou foi a Leonor, de Direito de Família.

Das vezes em que levantei a cabeça e a olhei, sorria.

Ao final, depois da entrega da prova, ela comentou comigo que é interessantíssimo estar lá na frente, enquanto fazemos a prova. Deveriam filmar, porque é muito engraçado.

Eu rio o tempo todo. Disse que, se depender do meu humor, devo ter ido muito bem.
Comentou também de outros colegas. O Márcio, por exemplo, resmunga durante toda a prova. Outros têm os olhos espichados para a prova dos colegas.

As pessoas desligam-se, e agem instintivamente, em atitudes cômicas.

Eu não sabia que ria, durante as provas.

Deve ser muito chato para o colega ao lado, que precisa de pontos, olhar para mim.
“A desgraçada, além de tudo, fica rindo!”

Ocorre que acho engraçado quando, se de três assertivas, sei duas, e na escolha das opções-teste, sobram duas que enquadram as possibilidades permitidas pelas afirmativas.

Penso que posso recorrer a um atalho, mas o professor me pegou, de novo.

Então, tenho que ler novamente, com mais atenção, a última proposição.

Pode não ser engraçado para muitos, talvez a maioria.

Pode até nem ser engraçado.

Poderia pensar que é um azar, porque não pude adivinhar a resposta, como também poderia pensar que o professor foi esperto, antevendo a minha dúvida.

Tudo depende.


Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.

Conheça mais. Faça uma visita blogs disponíveis no perfil: artigos e anotações sobre questões de Direito, português, poemas e crônicas ("causos"): http://www.blogger.com/profile/14087164358419572567
Pergunte, comente, questione, critique.
Terei muito prazer em recebê-lo.

Sotaque português-italiano - NO FÓRUM

O advogado tinha o falar carregado nos erres, como o daqueles repórteres com o sotaque paulistano de antigamente. Dizia-se que éramos os únicos, na língua portuguesa, a falar com o sotaque italiano. A maioria dos paulistanos o perdeu.

Pois ele usava um falar em tonalidade mais alta, clara e profunda, enchendo o cartório da sua personalidade.

Nossos olhares se voltavam para ele e para a estagiária que o atendia.
Chamam-me. Vou ao seu encontro.

O processo é de 1978. Afirma ele que houveram ordens para a expedição de mandados de levantamento.

Solicito que mostre, nos autos, a ordem do juiz. Ótimo.

Então, peço que encontre os comprovantes dos depósitos. Não estes, mas aqueles, porque preciso de tais e tais números, para copiá-los. Fazemo-lo juntos.

Rabisco no verso da capa as folhas das quais preciso: pronto!

Hoje estará pronto, amanhã será assinado e daí retornarão os autos, para a retirada das guias.

- Deixo o telefone, para você me ligar?

- Não, o senhor pode acompanhar o andamento pela Internet. Depois do “aguardando assinatura”, estará aqui.

Sai feliz.

Tornando à minha mesa, a Silvia comenta que ele teria dado trabalho. Não, respondi. Ajudou-me com um processo longo. Eu teria levado mais tempo, procurando os dados, para cumprir a ordem do juiz. Agora, em cinco minutos, faço tudo.

Um falar profundo, a voz de trovão, pode indicar personalidade ou sei lá mais outras características da pessoa. Não sou especialista da área. Deixemos o assunto para quem o queira pesquisar. O fato é que não podemos nos deixar intimidar com isso.

Ele é o interessado. Se bem conduzido o diálogo, os conhecimentos que ele tem dos autos podem me ajudar a fazer o meu serviço, que vão ao encontro do que ele deseja. Se assim for, ambos sairemos ganhando, e mais felizes.

Às vezes, tornamos a coisa complicada, quando não o é.


Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.

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ITANHAÉM, MEU PARAÍSO

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Nada vale um coração tranquilo.

MARQUINHOS, NOSSAS ROSAS ESTÃO AQUI: FICARAM LINDAS!

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